A Luste promoveu o lançamento de "Moda Ilustrada", com textos de Maria Rita Alonso e Marília Kodic e prefácio de Ronaldo Fraga. Dividido em quatro partes - "Raízes", "Ruptura", "Contracultura" e "Era Digital"-, o livro retrata a evolução do vestuário no Brasil desde a sua descoberta até o presente, ilustrado com 228 imagens entre croquis, estampas, desenhos e pinturas. Na mesma ocasião do lançamento, a Luste inaugurou, no Museu Belas Artes de São Paulo, uma exposição temporária, de título homônimo, composta por imagens do livro, sob curadoria de Marcel Mariano.


Garimpar, selecionar e editar imagens e informações. O processo de produção de "Moda Ilustrada" levou cerca de um ano para ser finalizado, e contou com uma vasta pesquisa, diversas entrevistas, análises e uma atenta curadoria. Contemplando mais de quinhentos anos de história da moda nacional, "o resultado é uma sequência ágil e vibrante das transformações radicais ocorridas na indumentária, todas elas devidamente contextualizadas, com o objetivo de oferecer um documento definitivo sobre a moda e a história dos costumes no Brasil – ainda que não tenhamos seguido 100% a sequência cronológica, para não comprometer o ritmo do projeto gráfico", comentam Marcel Mariano e Maria Rita Alonso.   

 

Uma série de telas e gravuras de artistas renomados abre esta nova obra da Luste Editores, representando não apenas grandes eventos do período colonial, como também o cotidiano dos negros e dos índios. Sobre as vestimentas da época, a autora diz: "As roupas eram ostensivas, pesadas e volumosas, de tecidos como veludo, seda, tafetá e brocado, com bordados, babados, laços, plumas... Os vestidos tinham decotes quadrados, armações nas saias, mangas bufantes e cinturas marcadas por corsets. Era comum também o uso do rufo, uma grande gola engomada e plissada, que dava um ar austero ao visual. Nos cabelos, predominava a mesma pompa em perucas longas e encaracoladas". 

 

Em seguida, o livro exibe ilustrações trazidas nas primeiras revistas de moda do país, entrando em uma fase marcada pela emancipação feminina e pela modernização da sociedade. "Ruptura – Liberdade, Arte e Produção em Massa" é assunto para este segundo capítulo, e engloba o período entre 1889 e 1994. Como destaca a autora: "Pela primeira vez na história, a mulher experimenta a liberdade das saias curtas, passa a tesoura no cabelo, imitando corte masculino, e dispensa o chapéu, que perde a pompa e vira um estorvo. Os homens, por sua vez, começam a questionar a necessidade social da gravata. Cria-se então um dress code esportivo, confortável e libertário, para a prática de esportes e para os momentos de lazer". Alguns acontecimentos aqui abordados são as influências Art Noveau e Art Dèco, o corte à la garçonne, a moda Prêt-à-Porter, a evolução das roupas de banho, entre outros. 

 

Dener, Conrado Segreto e Gloria Coelho, alguns nomes da primeira leva de estilistas renomados do Brasil, são destacados na terceira parte de "Moda Ilustrada". Belos croquis são apresentados, evidenciando uma distinção entre estilistas que desenham suas próprias criações e aqueles que não o fazem – estes, naturalmente, não entraram na edição do livro. Sobre isso, Ronaldo Fraga comenta, no prefácio da publicação: "Quem desenha é mais feliz. (...) Hoje, mesmo no império da roupa pronta, o croqui mantém a sua importância na construção do universo gráfico para superfícies têxteis, estamparia, figurinos, cenário e memória gráfica. E é o ponto de partida, solitário e pessoal, para a construção de todo universo mágico do vestir."


Por fim, "Era Digital – Velocidade Máxima" intitula o quarto e último capítulo, e retrata o surgimento de duas correntes no mercado de moda: as grandes empresas, com processos verticais de produção e peças acessíveis, feitas em larga escala; e, do outro lado, jovens estilistas e pequenos ateliês, os quais se arriscam na guerrilha do empreendedorismo. Nas palavras de Marcel Mariano e Maria Rita Alonso: "Na parte final, relacionamos ainda trabalhos feitos com colagens, aquarelas, traços livres e desenhos digitais, assinados por uma nova geração de criadores, que flerta explicitamente com as artes gráficas. Um encerramento, enfim, à altura desta análise transversal, que resume em belas imagens a história da moda no Brasil". 


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